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Preparação de um sniper em Santa Catarina

Concentração/Foto Flávio Tin

Atiradores de elite, franco-atiradores ou snipers, para os norte-americanos. Independente de como são chamados, eles são membros de tropas federais e estaduais treinados para o tiro de precisão. Apenas um tiro tem que resolver a situação. Afinal, eles não podem falhar. Foram treinados para salvar vidas. Na Polícia Militar de Santa Catarina, são chamados de atiradores policiais de precisão. O seleto grupo formado por um soldado, um cabo, um sargento e um capitão integra o Cobra (Comando de Operações de Busca, Resgate e Assalto).

Para se tornar um atirador de elite é necessário ser um policial de operações especiais. Por isso, o Cobra é vinculado ao Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e tem equipes treinadas para atuar em situação de crise gerada por ocorrência de alto risco.

De acordo com o comandante do Cobra, capitão Mapelli, que recentemente concluiu o curso de estágio de caçador de operações especiais no Exército do Rio de Janeiro, o atirador policial de precisão é acionado para agir em situações de ocorrências com reféns, rebeliões em presídios, na proteção da tropa em avanços durante operações em favelas e na proteção de autoridades durante visitas oficiais ou grandes eventos. “Na Olimpíada do Rio, em 2016, os policiais se misturaram aos organizadores com uniformes de atletas. Para qualquer eventualidade, a arma estava ao alcance deles, na mochila”, contou o capitão.

A formação de atiradores policiais de precisão vem do Exército e da Polícia Federal Argentina. Em 2015, dois policiais lotados no Bope concluíram o curso de sniper e spotter (observador) ministrado pelo grupo especial Uno GE-1, da PF Argentina. Os cursos são puxados. Nem todos os candidatos inscritos conseguem chegar ao final das seis semanas. Eles são submetidos a provas teóricas e físicas, além da avaliação de condicionamento físico, testes de memorização, inúmeras avaliações de tiro com dinâmica de alvos estáticos e em movimento e tiro noturno.

Cobra

Para ocorrências de sequestro com refém, o Cobra tem o negociador, a quem cabe tentar convencer o criminoso a se entregar; e equipes de invasão, além do atirador e do observador. Conforme o capitão Mapelli, o observador, que também é um atirador de precisão, fica responsável por fazer a segurança na área em que o atirador se encontra. “Informa sobre as movimentações no cenário e havendo algum impedimento do atirador ele pode substituí-lo”, explicou.

Mapelli ressaltou que o observador age como sensor de inteligência, repassando informações ao comandante da missão. “O observador e o atirador buscam se posicionar em um local privilegiado para leitura do cenário para poder visualizar a ocorrência com maior nível de detalhes do que aqueles que estão desenvolvendo outras atividades”, disse o capitão.

Bope

O comandante do Bope, major Yuri Bento Brandão, abriu as portas do batalhão para a reportagem do ND acompanhar uma parte do treinamento dos atiradores de elite. Com roupas pretas e com o rosto coberto por gorro balaclava, como se fosse numa ocorrência de verdade, o soldado se arrastou, sutilmente, ajustou a arma no tripé e se concentrou até sentir o momento de efetuar o disparo. “Antes de puxar o gatilho, ele tem que ajustar a arma, avaliar a situação e aguardar o momento certo”, contou Brnadão. O policial fez três disparos a distância de 100 metros e acertou os três tiros, um sobre o outro, no alvo do tamanho de uma moeda de R$ 1.

Situações reais

Uma situação real foi presenciada pela população de Belo Horizonte (MG) no dia 5 de junho. Um sniper usando arma de longo alcance foi autorizado a atirar no momento em que o assaltante engatilhou a arma na cabeça da refém. O disparo acertou a cabeça do criminoso, que morreu na hora. Segundo a PM mineira, havia apenas um atirador de elite e a ordem para atirar partiu do Comando de Policiamento Especializado, que esteve no local para tentar negociar com o assaltante.

Em períodos de guerra, os atiradores também são necessários e letais para abater inimigos que estão longe do alcance das armas comuns. A ucraniana Lyudimila Pavlichenko se tornou a melhor mulher franco-atiradora da história mundial. Na Segunda Guerra Mundial ela abateu 187 pessoas, entre elas 36 snipers inimigos.

Nos últimos tempos se destacou o sniper da marinha americana Chris Kype. Durante a guerra do Iraque, em 1990, ele foi responsável por pelo menos 150 mortes. Vinte e três anos depois, Kype foi morto por um veterano de guerra que lutou no Iraque. A história do atirador rendeu o filme “Sniper americano”, campeão de bilheteria na estreia em 2015.

Obs: matéria escrita por mim no ano passado. 

Colombo Souza

Colombo de Souza é jornalista há mais de 30 anos. Passou sua vida profissional escrevendo reportagens em jornais impressos e, ultimamente, digital. Neste período especializou-se em reportagens policiais. Cobriu fatos marcantes em Santa Catarina no final dos anos 80. Entre eles, o sequestro dos herdeiros do grupo Perdigão. Anos depois, escreveu sobre o brutal assassinato de um colunista social em Florianópolis e tantos outros casos escabrosos que ficaram mal resolvidos, além de notícias factuais. Agora, ele preparou um blog com notícias curta, objetiva e de fácil entendimento na a área policial direcionada para smartphones. Uma vez por semana, às quartas-feiras, ele brinda o leitor com o baú da Polícia.

Um comentário sobre “Preparação de um sniper em Santa Catarina

  • Excelente matéria, interessante. informativa e bem escrita. Parabéns ao jornalista Colombo Souza.

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